segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nunca apaguei...


Existem alguns textos que marcam mais que outros. Talvez pelo momento em que eu os escrevi. Se meu notebook fosse um papel, sem dúvida meus textos teriam as marcas dos meus sentimentos.
Eu estava querendo algo que me inspirasse. Até que aconteceram algumas coisas comigo que mereciam um texto, mas não foi suficientemente intenso ou intenso do tanto que queria que tivesse sido.
Hoje em meu quarto deparei-me com duas coisas que para algumas pessoas já não deveriam estar tão perto de mim.
Acho que hoje é a primeira vez que falo na primeira pessoa a respeito de algo que aconteceu há tão pouco tempo.
Um dos objetos que encontrei não quero falar sobre. Mas encontrei uma caneca que havia ganhado tempos atrás. Uma caneca pode parecer algo tão simples ou esquecível. Ana Carolina diz em sua música “Evidências” que ficou com “cara de caneca” ao ouvir uma pergunta que lhe foi feita. Explicando do que se tratava “cara de caneca” disse que era o momento em que recebia a caneca de presente e ficava com aquela cara de surpresa.
Não lembro a cara que fiz quando a recebi. Pensei que poderia distrair brincando de jogo da velha. Ora, a caneca era especialmente para isso.
Em um dia especial, ela pegou minha caneca e escreveu algumas coisas nela. Pensei em apagar, pois nunca mais iria poder usá-la.
Mas não o fiz. Quis guardar aquilo que estava escrito nela.
“Quando ficar c/  saudade, leia a caneca”. “Quando a gente brigar, leia”. Confesso que fiquei alguns minutos para completar esse texto.
Quando ela foi embora lembrei-me destas frases.
Mas a frase que me marcou mais não foi uma dessas. Foi a que estava escrita no fundo. “Nunca apaga”.
Diria a ela hoje se pudesse: não só não apaguei a caneca, mas nunca apaguei você da minha vida.
Nunca apaguei as fotos. Nunca apaguei minhas memórias. Nunca apaguei o seu cheiro. Nunca apaguei a sua ausência. Nunca apaguei você do meu coração. Nunca apaguei a saudade que tenho de você. Nunca apaguei aquele adeus que te dei, ou aquele último beijo.
Se soubesse que seria o último não tinha deixado você ir embora ou teria ido com você onde você fosse. Teria ido a pé para ficar com você mais uma vez.
Todos dizem que pensar em você  é um erro. Mas que erro é esse? Digo a você que sofro sim e aprendi a contornar esse sofrimento, mas as vezes dói. Não quero apagar essa história linda.
Minha prima me disse uma das coisas mais verdadeiras que escutei nos últimos tempos: Vocês eram perfeitos. O que aconteceu? Prova que nada na vida é para sempre.
Se eu soubesse o que aconteceu talvez essa dor fosses menor. Tento voltar um pouco o filme e ver o que realmente aconteceu. Será que houve motivo tão sério e intenso para nunca mais conversamos? Será que fiz tanta burrada assim?
Uma música de Nando Reis diz que “o ar não foi suficiente?”. Dei-te todo o meu ar, todo meu amor, que acredite, não é pouco. É sincero.
Hoje eu quero que saiba que nunca apagarei você da minha mente, do meu coração e da minha vida. E quando você me disse "nunca", esse nunca não está perto. Essa porta estará aberta para quando sentir saudade puder ler a caneca. Apesar nela você me dizer que “eu te amo só um pouquinho”. Sei que nessa época, “pouquinho” significava “infinitamente” e que “não estar com saudade” significava “estou morrendo de saudade”. Espero que esse “nunca mais quero te ver” signifique “não agüento mais estar longe de você”. Esse era o jogo dos contrários. Talvez esse seja meu pesadelo que está demorando em acordar. Aliás, não sei se o que vivemos foi um sonho e acordei dele, ou se estou nesse pesadelo que é a sua ausência.